Especialistas ouvidas pelo g1 afirmam que esse tipo de empréstimo pode ser aliado em caso de emergência, mas uso precisa ser racional e contar com plano para quitação rápida. O cheque especial está entre as modalidades de crédito mais caras do mercado.
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O cheque especial está entre as modalidades de crédito mais caras do mercado — ou seja, com juros mais elevados. Trata-se de uma linha pré-aprovada pelos bancos e que funciona como uma reserva para uso emergencial dos clientes.
Dados publicados pelo Banco Central do Brasil (BC) no início de setembro mostram que as taxas de juros para pessoa física no cheque especial podem chegar a quase 170% ao ano (ou a 9% ao mês), a depender da instituição financeira.
Esse tipo de crédito está vinculado à conta corrente e fica à disposição do correntista, que pode movimentar os recursos diretamente pelo aplicativo do banco, por exemplo, sem precisar recorrer à instituição.
O cheque especial é acionado automaticamente quando o cliente realiza uma transação com valor superior ao que ele tem em conta. Nesse caso, a parcela que vai entrar na linha de crédito é a diferença entre o saldo e o valor movimentado.
A praticidade, a rapidez no uso e o fato de ser um crédito pré-aprovado e sem garantia para o banco são algumas das características que explicam por que os juros dessa modalidade são tão elevados quando comparados com linhas de mais longo prazo.
“É, junto com o empréstimo rotativo do cartão, uma das linhas de crédito mais caras disponibilizadas pelas instituições financeiras a pessoas físicas”, diz a professora de economia e finanças pessoais da ESPM Paula Sauer.
Mas especialistas ouvidas pelo g1 afirmam que a modalidade pode ser considerada uma aliada em casos de emergência. Por outro lado, os altos juros podem ser uma armadilha — especialmente para quem utiliza os recursos sem um plano para quitação imediata do empréstimo.
Veja abaixo.
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Quando usar?
Thaísa Durso, educadora financeira da Rico, classifica o cheque especial como “uma mão na roda” para emergências como despesas médicas inesperadas ou um conserto que precisa ser feito imediatamente.
“Ele também pode ajudar a cobrir um gasto temporário, especialmente se o banco oferecer algum tipo de isenção de juros ou condições favoráveis, como parcelamento com taxas mais baixas”, diz.
Segundo a especialista, o uso da linha de crédito é justificado apenas quando não há outra fonte imediata de dinheiro.
A professora da ESPM Paula Sauer segue a mesma linha. Ela explica que, apesar de ser uma modalidade com uma fama ruim, o cheque especial pode exercer um papel importante se usado de forma adequada.
“Não deve ser utilizado por longos períodos, muito menos como complemento de renda”, alerta.
Quando evitar — e por quê?
De acordo com as especialistas, o principal problema desse tipo de empréstimo são justamente os altos juros.
“Isso significa que, se você não pagar rapidamente, a dívida pode crescer de forma exponencial”, diz Thaísa, da Rico.
Veja abaixo uma simulação da evolução da dívida ao longo do tempo, no cheque especial e em outras modalidades. A tabela foi feita pela economista da Rico com base nas taxas de juros médias de julho de 2024.
Evolução de uma dívida de R$ 1.000 (juro médio – % ao ano)
Além dos juros, Thaísa também alerta que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é cobrado desde o primeiro dia em que o cliente usa o cheque especial, o que pode aumentar ainda mais o custo.
“Portanto, evite usar o cheque especial para despesas que não são essenciais, como compras por impulso ou lazer”, orienta.
A especialista ainda reforça que, caso seja preciso usar a linha de crédito, é essencial ter um plano bem definido para pagá-lo dentro do prazo previsto. “Isso ajuda a evitar acumulação de juros, que podem sair do controle.”
Paula Sauer, da ESPM, lembra que o cheque especial costuma ser utilizado de forma displicente, como se fizesse parte do saldo em conta.
“Esse, provavelmente, é o maior descuido. O cheque especial é um empréstimo e deve ser considerado como tal”, diz.
Ela orienta que, antes de utilizar, o cliente também verifique as taxas e o prazo para as cobranças, já que há bancos que oferecem alguns dias sem juros.
“De toda forma, é importante verificar o custo efetivo total do produto [todos os encargos, tributos, taxas e despesas] para minimizar surpresas desagradáveis. Caso perceba que o prazo de empréstimo exceda o planejado, vale a pena buscar outras linhas de crédito mais baratas”, conclui.
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