Foi-se o tempo em que os jogos de nave dominavam o mercado de games. Fliperamas e consoles antigos levaram milhões de jogadores para aventuras pelos céus, onde superar pontuações e finalizar campanhas rapidamente resumiam as jornadas explosivas.
Mas se nós te dissermos que eles podem estar voltando? Rogue Flight, nova aventura espacial da Truant Pixel, é uma quase perfeita homenagem ao gênero, combinando os modelos retrô que fizeram sucesso com mecânicas de gameplay modernas.
O resultado? Uma odisseia de cores, explosões e sons como nunca se viu. E nada resume melhor o significado desse game: experiência curta, mas sem ser pretensiosa, e que promete despertar lembranças especiais nos veteranos.
A investida final para salvar a humanidade
Três anos após o mundo sucumbir ao fogo, humanos restantes decidem operar uma missão final contra ARGUS, sistema de vigilância que dizimou o planeta em apenas três dias. Escondidos nas profundezas da Terra, eles veem a esperança definhar a cada segundo.
Tudo muda quando uma nave conhecida como Arrow é construída. O caça espacial se torna um grande feito e surge como a luz no fim do túnel, mas com um porém: apenas Diana é capaz de guiá-la para enfrentar a grande máquina.
Agora, cabe a ela enfrentar hordas de inimigos nos lugares mais remotos da galáxia. Seu último esforço deve valer a pena e resultará na maior ofensiva humana já vista.
Rogue Flight é um game de aventura espacial inspirado nos clássicos de fliperama das décadas de 1980 e 1990. O título traz conceitos de bullet-hell menos punitivos, com o campo de batalha estando sob controle dos jogadores mesmo nos níveis mais difíceis.
Assim como nos primórdios dos games de naves, o título da Truant Pixel consiste em uma jornada curta, que pode durar de 30 minutos a 1h por run. Porém, seus vários modos de jogo e narrativa com finais alternativos expandem esse tempo consideravelmente.
No geral, Rogue Flight é visualmente agradável, contendo muitos efeitos de tela, tiroteio e ações defensivas bastante consistentes e recursos técnicos caprichados. Além disso, sua estética em anime funciona muito bem com os inúmeros filtros em 3D da campanha.
Infelizmente, não é possível dizer o mesmo da campanha. Sem localização em português do Brasil, ela aparenta ser muito simplória e fica em segundo plano do início ao fim. A jornada acaba e você de fato não se importa muito com os eventos que se desenrolaram.
Atire sem parar e destrua tudo
O tiroteio de Rogue Flight brilha bastante e se fortalece através de recursos interessantes no gameplay. Ao todo são quatro tipos de projéteis diferentes, infligindo dano de luz, laser, área ou penetrante em robôs e naves adversárias.
O título também inclui mísseis teleguiados, uma mecânica de desviar e contra-atacar, escudo temporário em casos de saraivadas mais intensas e câmeras em terceira e primeira pessoa.
Além disso, as batalhas contra chefes, ocorridas no final de cada capítulo, são interessantes e acrescentam desafios. As máquinas gigantes têm pontos fracos e você precisa acertá-los ao mesmo tempo que evita se tornar um alvo direto.
Avançar na campanha também destrava itens de personalização. Eles melhoram diversos atributos da Arrow, como duração do escudo, velocidade das balas e de movimento, impacto causado em inimigos e outras atribuições mais técnicas.
Apesar disso, Rogue Flight é prejudicado pelo curto tempo de campanha. Há pouca variedade de oponentes e eles costumam aparecer em ondas semelhantes, independentemente da fase selecionada. Assim, existe uma sensação constante de repetição.
Alto fator replay e modos desbloqueáveis
Enquanto a campanha de Rogue Flight não oferece muitas dificuldades, os modos desbloqueados no endgame são o verdadeiro desafio. O título possui um New Game+, um roguelite (assim como o roguelite+) e um filtro retrô para utilizar neles.
Nesses modos, onde os inimigos ficam muito mais implacáveis e resistentes (e você mais fragilizado), é preciso ter reflexos apurados, assim como uma mira precisa para garantir que todos os tiros valham a pena.
Como esse maior nível de realismo, vem também um alto nível de imersão através do PS5. Atirar com os gatilhos adaptáveis e testar as resistências dos diferentes tipos de armas é muito, mas muito legal.
O DualSense também suporta vibração pelo feedback tátil e autofalante, que simula as interações que Diana tem com o centro de comando da humanidade.
Rogue Flight: vale a pena?
Nostálgico e adaptado para os consoles modernos, Rogue Flight é uma divertida experiência com muitas referências aos jogos clássicos. Desde sua interface até o filtro retrô, o título foi feito para levar fãs do gênero a locais bastante familiares.
Tecnicamente bem feito e com um suporte inspirado ao PS5, o game mostra como é possível aproveitar recursos de nova geração sem perder em essência. O resultado? Uma jornada espacial sólida, com tiroteio acessível e modos de jogo para você se desafiar.
A curta campanha pode incomodar quem busca algo cheio de conteúdos, em especial em uma época onde games não são baratos. Porém, modos desbloqueáveis e funções de qualidade de vida deixam a aventura mais rica.
Rogue Flight é recomendado para quem curte jogos diretos e inspirados nos projetos de fliperama do final do século passado. Porém, fica a ressalva da ausência de localização em português do Brasil, da baixa variedade in-game e da simplicidade no conceito.