Trump prometeu impor tarifas sobre todos os produtos estrangeiros. Se ele for adiante, muitas economias menores podem ser forçadas a responder da mesma forma.
Ações de montadoras alemãs caíram entre 5% e 7% após a confirmação da vitória de Trump
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Donald Trump prometeu ao longo de sua campanha que taxaria todas as mercadorias importadas pelos Estados Unidos se voltasse à Casa Branca. Após sua vitória, empresas e economistas do mundo todo estão afoitos para descobrir até que ponto ele está falando sério.
Trump vê as tarifas como uma forma de fazer a economia dos Estados Unidos crescer, proteger empregos e aumentar a receita tributária.
No passado, ele impôs tarifas a países específicos, como a China, ou a determinadas indústrias, por exemplo, de aço.
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Mas a promessa da campanha eleitoral de Trump de impor tarifas de 10% a 20% sobre todos os produtos estrangeiros pode afetar os preços no mundo todo.
No mês passado, ele pareceu destacar a Europa.
“A União Europeia parece tão bacana, tão adorável, né? Todos os pequenos países europeus bacanas reunidos… Eles não querem nossos carros. Eles não querem nossos produtos agrícolas”, afirmou.
“Eles vendem milhões e milhões de carros nos Estados Unidos. Não, não, não, eles vão ter que pagar um preço alto.”
As ações da BMW, Mercedes e Volkswagen caíram entre 5% e 7% após a confirmação da vitória de Trump. Os EUA são o maior mercado de exportação para as montadoras alemãs.
Promessa de campanha de Trump de impor tarifas de 10% a 20% sobre todos os produtos importados pode afetar os preços no mundo todo
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Durante a campanha, Trump afirmou que as tarifas eram a resposta para uma série de questões, incluindo a contenção da China e a prevenção da imigração ilegal.
“Tarifa é a palavra mais bonita do dicionário”, ele disse. É uma arma que ele claramente pretende usar.
Embora grande parte desta retórica e conduta tenha como alvo a China, ela não para por aí.
Algumas jurisdições, como a União Europeia, já estão elaborando listas de ações de retaliação preventivas contra os Estados Unidos, depois que os ministros não levaram suficientemente a sério as ameaças anteriores de Trump relacionadas a tarifas, que ele impôs posteriormente.
Os ministros das Finanças do G7, grupo formado por sete dos países mais ricos do mundo, disseram na semana passada que tentariam lembrar aos Estados Unidos liderados por Trump a necessidade de ter aliados na economia mundial porque “a ideia não é iniciar uma guerra comercial”.
No entanto, se “um poder amplo e muito forte for usado”, a Europa vai considerar rapidamente sua resposta.
No passado, a União Europeia impôs tarifas sobre produtos americanos icônicos, como motocicletas Harley Davidson, uísque Bourbon e jeans Levi’s, em resposta aos impostos dos EUA sobre aço e alumínio.
Um representante de um importante Banco Central da zona do euro disse que as tarifas dos EUA, por si só, “não seriam inflacionárias na Europa, mas isso depende de qual vai ser a reação da Europa”.
No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que uma grande guerra comercial poderia afetar a economia mundial em 7%, o equivalente ao tamanho das economias francesa e alemã juntas.
Há questões importantes para o governo britânico sobre onde exatamente o Reino Unido pós-Brexit (saída da União Europeia) deve se posicionar em uma plausível — se não certa — guerra comercial transatlântica.
Até o momento, o movimento do Reino Unido tem sido de se aproximar do bloco europeu, inclusive no que se refere a padrões alimentares e agrícolas. Isso dificultaria muito um acordo comercial fechado com os EUA.
O governo Biden não estava interessado em um acordo desse tipo. O principal negociador comercial de Trump, Bob Lighthizer, ainda muito influente, chegou a dizer que a suposição de que o Reino Unido permaneceria próximo à União Europeia para ajudar suas próprias empresas o impediu de buscar um acordo.
“Eles são um parceiro comercial muito maior para vocês do que nós”, ele me disse em uma entrevista.
O Reino Unido poderia tentar se manter neutro, mas teria dificuldades para evitar o fogo cruzado, especialmente no que diz respeito ao comércio de produtos farmacêuticos e de automóveis.
A retórica do governo do Reino Unido sugere que ele poderia tentar ser um pacificador nas guerras comerciais globais, mas será que alguém o ouviria?
Os britânicos poderiam escolher um lado, tentando ficar isentos das tarifas mais gerais de Trump.
Os diplomatas foram encorajados por conselheiros econômicos mais pragmáticos em relação ao presidente eleito, que sugeriram que aliados amistosos poderiam conseguir um acordo melhor.
Ou será que o mundo se beneficiaria mais se o Reino Unido unisse forças com a União Europeia para evitar a aplicação de tais tarifas comerciais?
Longe dos EUA, que tal servir de exemplo para o resto do mundo?
Se a maior economia do mundo está recorrendo ao protecionismo em massa, será difícil persuadir muitas economias menores a não fazerem o mesmo.
Tudo isso está em aberto. As advertências de Trump podem ser levadas a sério. Nada é certo, mas é assim que as guerras comerciais podem começar.
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