O cinturão dos jogos de boxe está vago. Desde que a EA interrompeu o desenvolvimento da série Fight Night, até houve alguns outros games da chamada Nobre Arte, mas nada que tenha pegado na veia. Que tenha sido um nocaute, sabe?
Pois bem, Undisputed, como diz o nome, chega para isso. Tentar ser o número 1 sem disputa. Porém, ainda é cedo para cravar que isso vai acontecer. É preciso dar tempo ao tempo e ver o que a Plaion fará para ajustar alguns pontos bem importantes onde melhorias se fazem necessárias, e principalmente como será o roadmap dela em termos de conteúdo adicional daqui para a frente.
Mas o potencial está ali. Como aquele jovem lutador que você vê que tem “o olhar do tigre”, sabe? A disposição e a persistência, muitas vezes, são mais importantes do que a força no boxe. Já diria Rocky Balboa, que nos ensinou que, não exclusivamente nos ringues, mas na vida, é mais sobre aguentar apanhar e levantar depois de cair, do que só bater.
E se os desenvolvedores souberem absorver os jabs, que inevitavelmente vão entrar, mantendo a guarda alta e não tirando o olho do adversário, é bem possível que consigam melhorar seu jogo e saírem com as mãos levantadas no final.
Soco, soco, bate, bate
O simulador, como se descreve Undisputed, prometia oferecer a experiência de jogo de boxe mais autêntica já vista. E, bem, entre altos e baixos, ele entrega. A começar pelo elenco, com mais de 70 boxeadores licenciados, sejam nomes das gerações mais recentes, como Tyson Fury, ou lendas eternas como Rocky Marciano e chegando ao GOAT Muhammad Ali. Entre homens e mulheres e em todas as categorias de peso.
Porém, não dá para ignorar a ausência de alguns dos principais expoentes do boxe. Por exemplo, Manny Pacquiao e Floyd Mayweather Jr, que dominaram o esporte e tiveram uma grande rivalidade nos últimos anos, não estão lá. Nem Mike Tyson, que talvez seja o mais famoso lutador da história, ou mesmo o brasileiro Popó.
Aliás, falando em Tyson e Popó, os dois são excelentes exemplos de outro aspecto que poderia ser explorado em Undisputed, mas não foi – pelo menos, por enquanto. Os eventos com influenciadores e celebridades, que estão ajudando a fazer bastante barulho na cena e a colocar o boxe em evidência novamente, no Brasil e no mundo.
Dito isso, vamos ao que interessa, porque mesmo com estas ausências, o elenco de Undisputed é mais do que o suficiente para cair na porrada com gosto – sem contar que você também pode, é claro, criar o seu próprio personagem.
O jogo tem mais de 60 socos diferentes, ferramentas defensivas e mecânicas revolucionárias de footwork – ver Muhammed Ali flutuando como uma borboleta e picando uma abelha, aliás, é incrível. Aqui, a promessa da autenticidade é muito presente. Você sente, na ponta dos dedos, e também vê nas animações, como é diferente jogar com cada boxeador.
E isso fica ainda mais bacana na hora de fazer o seu lutador para o modo carreira, porque dá para pegar um pouquinho de cada um e montar um verdadeiro monstro. Assim como em todo jogo de esporte, este é um dos grandes atrativos, mas Undisputed deixa um pouquinho a desejar porque é meio genérico e pouco inspirado em termos de adições que tornem a carreira mais atrativa. As opções de personalização visual, por exemplo, são bem rasas.
Mas e o gameplay? Bom, aqui é um ponto em que Undisputed merece elogios – apesar de não ser perfeito. Em alguns momentos, a hit box é meio esquisita e os lutadores fazem movimentos não tão naturais assim no ringue, porém, no geral, o game consegue entregar uma boa simulação de uma luta de boxe. Esquivas, combinações, movimentação. Tudo funciona como deve ser.
Isso aliado a gráficos que, se não são os mais bonitos que você vai ver, também não chegam a deixar a desejar. As representações dos atletas são legais, a ambientação é justa, e a apresentação do jogo, de modo geral, faz jus ao prometido.
Undisputed: vale a pena?
Em acesso antecipado na Steam, o título teve uma recepção mista. Porém, uma coisa bastante comum que se lê nos comentários é que o game vem evoluindo a cada atualização. E é justamente nisso que fazemos a aposta aqui. Undisputed, por enquanto, ainda não é “o jogo definitivo de boxe”, mas está no caminho certo para chegar lá um dia.
Undisputed estará disponível em 11 de outubro, podendo já ser adquirido em pré-venda em duas edições — Standard (R$ 299) e Deluxe WBC (R$ 399,50). A pré-encomenda garante um lutador bônus grátis, Roy Jones Jr. ’93, em referência ao ano em que ele conquistou o campeonato dos médios da IBF.
Dá para dizer que ele é aquele jabzinho que inicia a sequência. Resta saber como a Plaion vai continuar o combo.