Dois anos após a série The Last of Us estrear no PC, os jogadores da plataforma finalmente podem conferir os eventos de The Last of Us: Part II sem depender de um PlayStation 4 ou 5. O título estreia “assombrado” pela má impressão deixada pela adaptação de seu antecessor, que até hoje é lembrada pelos diversos bugs e problemas de otimização de sua estreia.
Felizmente, o mesmo não se repete com a sequência. Agora na mão da Nixxes, que fez algumas das melhores adaptações de jogos do PlayStation para os computadores, a sequência chega sem os stutters e problemas do passado. Ao mesmo tempo, o game não é necessariamente leve e vai exigir um bom hardware, especialmente daqueles que desejam vê-lo rodar em suas configurações mais altas.
The Last of Us: Part II parece ser uma resposta ao passado
Antes mesmo de entrarmos na versão PC de The Last of Us: Part II, o jogo apresenta um launcher que permite alterar diversas de suas configurações. Esse é um padrão já conhecido entre os projetos da Nixxes, que oferece opções semelhantes em títulos como Marvel’s Spider-Man 2 — e mostra logo de cara que o título permite ajustar de forma individual muitos de seus detalhes.

Na aba “Imagem”, podemos ajustar questões como o monitor utilizado, a resolução, proporção de tela e a aparição de tarjas pretas em cenas cinemáticas. É nessa área que também ajustamos o modo de upscale, sua nitidez, ligamos a geração de quadros e acessamos recursos como a escala de resolução dinâmica, o V-Sync e estabelecemos limites para taxas de quadros.
Já em “Gráficos”, podemos ajustar questões como níveis de detalhes, qualidade de texturas, reflexos, profundidade de campo e até mesmo recursos como aberração cromática e intensidade de sujeira de lente. Todas essas são opções que estão inseridas internamente no game, e ajustá-las dentro dele traz algumas vantagens evidentes.
No menu externo, por exemplo, não há maiores informações sobre como cada opção consome os recursos do PC, ou uma prévia dos resultados que uma mudança pode trazer. Nos menus internos, essa história é diferente, já que neles o jogo avisa qual peso um efeito vai ter sobre a GPU, a CPU e a VRAM disponível.

No entanto, The Last of Us: Part II poderia dispor de algumas facilidades que, curiosamente, estão disponíveis na adaptação do jogo anterior. Enquanto as mudanças de configurações são aplicadas automaticamente, só é possível ver uma prévia delas (de forma estática) segurando o botão L3, que oculta os menus.
Além disso, o game em nenhum momento dá uma indicação da quantidade de VRAM que está consumindo no momento — algo que aqueles que têm GPUS com 8 GB ou menos sabem que é essencial saber em qualquer título moderno. Dado que essa é uma informação presente na criticada Parte I, sua ausência na sequência parece um tanto estranha.
Feitas essas observações, é preciso destacar algo bastante positivo do game: sua análise automática de hardware e suas recomendações de configurações são certeiras. Ao executar o título pela primeira vez, ele sugeriu a predefinição alta, que se mostrou bastante condizente com um desempenho que superou a marca dos 60 FPS de forma consistente.
O game é pesado, mas justo em suas exigências
Para a realização deste review, usamos uma máquina com uma CPU Intel Core i9 9900K, uma GeForce RTX 3080 da EVGA, 32 GB de RAM e um SSD M.2 de 1TB. Segundo as informações fornecidas pela Naughty Dog, esse sistema deve ser suficiente para rodar bem o jogo na qualidade Alta a 60 FPS na resolução 1440p — e foi justamente isso que aconteceu.

Travando o desempenho máximo em 65 FPS e usando o DLSS na configuração Qualidade, o título manteve essa taxa de desempenho estável em todos os momentos. Seja em trechos de mundo aberto, momentos de maior ação ou nas cenas mais calmas, mas que aconteciam em cidades densamente povoadas, The Last of Us: Part II não apresentou stutters notáveis ou quaisquer engasgos.
No entanto, nem tudo é perfeito e alguns comportamentos do game nos “bastidores” denotam que ainda há espaço para melhorias. Enquanto o consumo da GPU se manteve na casa dos 80% a maior parte do tempo, ele deu um salto para a casa dos 95% (chegando pontualmente a 100%) em cenas com maior quantidade de partículas — algo bastante compreensível e que não gera preocupações.
Já no campo da CPU, os saltos de desempenho foram mais notáveis e mostram que esse fator pode ser um engasgo para muitas pessoas. Se o consumo de recursos do tipo foi de 40% a maior parte do tempo, ele salta para mais de 80% nas cenas de mundo aberto, especialmente quando acabamos de entrar nelas.

Sem entrar em grandes spoilers, podemos afirmar que esse comportamento foi notado tanto no começo, quando Joel cavalga por um campo aberto, quanto no momento em que Ellie e Dina saem em meio a uma tempestade — e também em outros trechos futuros com características semelhantes. Curiosamente, o consumo de CPU voltava à casa de 40% após certo tempo, mesmo quando permanecíamos no ambiente de mundo aberto.
Para quem tem um hardware potente, mesmo que um tanto envelhecido (como o usado para este review), isso não deve ser um problema. Já em máquinas nas quais o processador tem menos a oferecer, não vai ser nada estranho ouvir testemunhos sobre quedas pontuais de desempenho e alguns stutters que a Nixxes vai ter que resolver com atualizações futuras.
Para completar esse ponto do review, vale mencionar algo bastante positivo em The Last of Us: Part II e que mostra uma evolução considerável em relação a seu antecessor. Enquanto o temido carregamento de shaders ainda está presente, ele é muito mais breve na sequência. Além disso, ela só aconteceu uma única vez, mesmo o título tendo recebido um extenso update antes de sua estreia no Steam.
E o que muda nas diferentes qualidades de The Last of Us: Part II?
Embora The Last of Us: Part II não se torne um game horrendo em suas configurações mais baixas, quem tiver que jogar com menos detalhes vai perceber nele uma experiência menos imersiva e cinematográfica. Ao baixar as configurações do jogo, é notável o quanto sombras ficam menos detalhadas e correspondem menos a objetos e NPCs de um ambiente.
De forma semelhante, é perceptível o quanto questões como profundidade de campo e oclusão de ambiente interferem na ambientação de cenas. O trecho de introdução de Abby na cabana de esquiagem, por exemplo, perde completamente o desfoque de vidros e outras superfícies que contribui muito para que foquemos a atenção nas ações da personagem.
No entanto, mesmo no nível mais baixo de qualidade, The Last of Us: Part II mantém a essência de sua experiência. Os personagens podem estar mais feios e com cabelos mais pixelizados, mas o level design e o roteiro da Naughty Dog ainda conseguem compensar esses detalhes — só gostaríamos que o título não tivesse tanto jump-scares desnecessários.
Mas e em comparação com o primeiro?
Dado que o primeiro The Last of Us chegou ao PC em 2023 e fomos bastante críticos em relação a ele, sentimos que era apropriado voltar a conferi-lo agora que a sequência está chegando ao PC. A boa notícia é que, após diversas atualizações e mudanças, o título finalmente chegou ao estado que merecia em sua estreia.

Usando as configurações alta como base, o título agora roda com um desempenho muito mais condizente com suas recomendações técnicas. Na mesma resolução e usando o mesmo hardware que dedicamos à Parte II, ele inclusive tende a consumir uma quantidade menor de recursos de CPU e GPU, mesmo em momentos intensos.
O “peso” maior da sequência atualmente é compreensível, especialmente quando levamos em consideração suas características. Não somente o trabalho mais recente da Naughty Dog tem modelos de personagens perceptivelmente mais bem-detalhados, como seus ambientes são mais amplos e oferecem mais oportunidades de gameplay.
E o que mais há de novo?
Além de trazer configurações visuais que podem ultrapassar aquilo oferecido pelo PlayStation 5, bem como um novo modo ultrawide (que funcionou bem em nossos testes), a versão PC de The Last of Us: Part II traz alguns extras “temporários”. Usamos a palavra porque esses conteúdos não serão exclusivos à nova adaptação e também serão disponibilizados gratuitamente para os donos da plataforma mais recente da Sony.

No caso, as principais adições acontecem ao modo Sem Volta, que incluiu os personagens Bill e Marlene. Enquanto ele traz uma escopeta de repetição e ganha o dobro de saques, ela vem com um fuzil personalizado e pode modificar sua rota com maior liberdade. Ambos são escolhas interessantes, mas não mudam de forma essencial dinâmica roguelike da opção.
Em outras palavras, se a parte mecânica de The Last of Us: Part II não é o que mais atraiu você no jogo, dificilmente as novas adições vão fazê-lo mudar de ideia. Para completar, a versão PC também introduz uma nova jaqueta ao catálogo de skins de Ellie, baseada no jogo Intergalactic — para destravá-la, é preciso ligar a integração do jogo com a PSN, algo que demorou a funcionar em nossos testes com a versão pré-lançamento.
The Last of Us: Part II no PC vale a pena?
Embora seja possível dizer que The Last of Us: Part II no PC ainda tem espaço para melhorar, é preciso elogiar o trabalho feito pela Nixxes. A sequência consegue apagar totalmente a má impressão deixada pela adaptação de seu antecessor para a plataforma, se mostrando um título que, se é exigente em uso de hardware, também é flexível e corresponde bem às recomendações técnicas feitas pela Naughty Dog e a Sony.
Caso você tenha o hardware adequado, o título oferece uma experiência estável e sem stutters ou instabilidades notáveis. Ao mesmo tempo, o consumo excessivo de CPU em algumas cenas desperta alertas e pode se mostrar algo que os desenvolvedores podem ser obrigados a corrigir em updates futuros.
Observado isso, é possível dizer que o novo game chega ao PC em um bom estado e não deve repetir o “escândalo” da estreia da Parte I. Ao mesmo tempo, sempre é uma boa ideia conferir relatos de quem tem uma combinação de peças diferentes daquelas que usamos para nosso review antes de decidir investir seu dinheiro no jogo — que chega a Nuuvem com um preço relativamente atraente de R$ 167,91.