Plataforma, que tem 200 milhões de usuários mensais, tem sido utilizada por agressores para, por exemplo, chantagear vítimas a cumprir desafios sob a ameaça de ter fotos íntimas vazadas. Discord
Discord é uma plataforma de mensagens popular entre os jovens e jogadores de videogame — Foto: Ivan Radic/Flickr
Autoridades têm se infiltrado no Discord, aplicativo popular entre adolescentes, para investigar crimes contra menores, como chantagem com fotos íntimas, indução à automutilação e incitação ao suicídio.
Essas operações foram reveladas em reportagem do Fantástico deste domingo (6).
Mas, afinal, o que é o Discord?
O Discord é uma plataforma de comunicação digital que permite que os usuários conversem por meio de mensagens de texto, voz e vídeo.
No Brasil, a rede social diz que só permite acesso para adolescentes a partir dos 13 anos.
O aplicativo é usado principalmente por adolescentes que querem jogar e conversar ao mesmo tempo, e, inclusive, foi desenvolvido com esse propósito.
Segundo o site oficial do Discord, os empresários Jason Citron e Stanislav Vishnevskiy criaram a plataforma em 2015 em busca de uma “maneira confiável de conversar enquanto jogavam on-line”.
Por meio de transmissões ao vivo de vídeos, os usuários assistem, participam dos jogos e fazem comentários.
“O Discord é uma experiência multimídia. Você pode usá-lo para transmitir vídeos, jogar jogos de tabuleiro a distância, ouvir música em grupo e, simplesmente, passar tempo juntos”, descreve a revista norte-americana de tecnologia Wired.
Vale destacar que alguns adultos também usam o Discord para trabalhar e fazer cursos, por exemplo.
Segundo a Wired, a plataforma conquistou ainda mais usuários durante a pandemia, momento em que conseguiu alcançar grupos além dos gamers.
Atualmente, o Discord tem 200 milhões de usuários mensais globalmente, dos quais 93% jogam on-line, segundo o próprio aplicativo.
O Discord é pago? A versão básica do Discord é gratuita, mas a plataforma oferece planos pagos, chamados de “Nitro”. Eles incluem vantagens como a criação de emojis personalizados e o envio de arquivos maiores e custam a partir de aproximadamente R$ 10 por mês.
Usado para cometer crimes contra menores
Agressores têm se aproveitado das transmissões em vídeo ao vivo da plataforma para, por exemplo, chantagear vítimas a cumprir desafios sob a ameaça de ter fotos íntimas vazadas, conforme reportagem do Fantástico mostrou em maio de 2023.
“É importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Trata-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas”, diz a promotora Maria Fernanda Balsalobra em reportagem para o Fantástico no mesmo ano.
A plataforma se tornou um ponto de encontro para propagadores de narrativas de contracultura, como o movimento incel (celibatário involuntário), grupos de hackers e investidores em criptomoedas, segundo a agência DW.
Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks, explica que o Discord é um ambiente propício para esse tipo de situação por uma combinação de fatores:
foi criado para o público “gamer”, por isso, é muito conhecido pelos jovens;
permite formar grupos privados com facilidade, ao contrário de redes sociais que priorizam conteúdos públicos;
a moderação é descentralizada. São os criadores das comunidades que fazem a maioria da moderação dos usuários e das mensagens de cada comunidade.
‘Central da Família’
Em setembro de 2023, o aplicativo lançou a ferramenta “Central da Família” (ou “Family Center”, em inglês), que permite que responsáveis sejam informados sobre parte das atividades de seus filhos na plataforma.
A ferramenta permite que os responsáveis saibam com quais usuários seu filho adolescente está conversando e de quais comunidades do Discord ele participa. No entanto, eles não podem ver o conteúdo dessas conversas.
A empresa orienta que a ativação da Central da Família seja feita junto com o filho adolescente, já que a atividade da conta não será compartilhada sem a aprovação dele. Veja o passo a passo:
Para ativar a ferramenta, é necessário que você tenha o aplicativo Discord no celular.
No aplicativo, você vai acessar a opção “Central da Família”, que pode ser encontrada em “Configurações do usuário”.
Então, clique em “ativar Central da Família”.
Nessa etapa, o adolescente vai precisar fornecer a você o código QR que será gerado no aplicativo dele. Ele fica disponível na guia da “Central da Família”, na opção “Conectar com o pai”.
Você deve escanear o código fornecido pelo seu filho com seu aplicativo Discord.
Depois que o adolescente aceitar a conexão, os dois terão acesso total à Central da Família.
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