Quando pensamos no cenário dos fighting games, logo vem à cabeça franquias lendárias, como Mortal Kombat e Street Fighter, que reúnem milhares de fãs, mundo afora. Uma delas se enquadrava nessa categoria nos anos 90: Fatal Fury. Desde Garou: Mark of the Wolves (1999), a SNK não lançava um game da série, que, talvez, tenha ficado esquecida no tempo. Agora, 26 anos depois, ela retorna para desafiar seus concorrentes, com Fatal Fury: City of the Wolves.
City of the Wolves inclui diversos modos single-player, mecânicas de combate novas (como o “Sistema REV”) e clássicas (como o “T.O.P.”, agora, renomeado para “S.P.G.”), além de um elenco de personagens com escolhas surpreendentes — sim, estamos falando da inclusão de ninguém mais, ninguém menos que Cristiano Ronaldo. Tudo isso seria capaz de fazer com que o produto fique à altura de seus rivais? É o que veremos neste review.
Retorno triunfal!
Primeiramente, é bom resumir o gameplay de Fatal Fury: City of the Wolves: triunfal. O jogo é extremamente gostoso de jogar, não importando o lutador selecionado. Seja com Mai Shiranui ou até com o DJ Salvatore Gunacci (assim como CR7, outro personagem inspirado em personalidade da vida real), há bastante variedade no estilo de luta de cada um, praticamente nunca perdendo a graça de experimentar as figuras do elenco.
Para alcançar um bom nível de jogabilidade, o título reúne diversas mecânicas. Elas variam entre “fintas”, “freios”, “guardas perfeitas” e muito mais. Nas “fintas”, é possível fingir soltar um especial, mas cancelar a animação, para enganar o adversário e começar outro combo. Nos “freios”, o jogador cancela a animação de especiais fortes para se recuperar mais rápido e criar outras possibilidades de combo. Já nas “defesas perfeitas”, se você bloquear um ataque inimigo no momento exato, é recompensado com um pequeno aumento da sua vida e com diminuição do medidor de REV.
Aliás, chegou a hora de falar sobre principal novidade de Fatal Fury: City of the Wolves, o “Sistema REV”. Um bom exemplo para explicá-lo, é o “Drive” de Street Fighter 6 — com a diferença de que ao invés de perder barras, você preenche uma a cada golpe especial desferido. Se ela ficar cheia, seu personagem entra em “sobrecarga”, fazendo com que você perca acesso a vários ataques especiais, precisando esperar a barra voltar ao normal (ou diminuindo-a mais rapidamente, ao executar certas ações).
Esta mecânica faz o jogador pensar duas vezes antes de sair apertando qualquer botão na esperança de atacar. Tenha calma e evite a todo custo sofrer uma sobrecarga, afinal, você dá a chance de seu oponente quebrar sua defesa mais facilmente. É necessário ter “estratégia… em grego, strateegia”… anotou?
Para continuar falando sobre o REV — acredite, existem várias camadas a mencionar sobre este sistema —, precisamos abordar uma mecânica clássica, que retorna em City of the Wolves: o S.P.G. (ou “Selective Potential Gear”), mais conhecido como “T.O.P.” em Garou: Mark of the Wolves.
O S.P.G. é uma barra que ocupa 1/3 do seu medidor de HP e pode ser posicionada no começo, meio ou fim dela (sendo esta, uma opção do jogador). Quando sua vida alcança o S.P.G., seu lutador ganha um aumento de poder, além da possibilidade de usar Golpes REV e sua habilidade suprema, o “Hidden Gear”.
Com os Golpes REV, ao custo de uma barra de REV, o seu personagem é revestido por uma armadura para absorver dano adversário e desfere um super-ataque, normalmente para finalizar um combo.
Ufa. Poderíamos ficar falando aqui, por horas e horas, sobre as mecânicas de Fatal Fury: City of the Wolves, mas já tocamos bem na superfície — é válido repetir que muitas mesmo se fazem presentes no gameplay. De qualquer maneira, são todas essas coisas que tornam o novo game bastante único e divertido. A SNK acerta em cheio neste ponto.
O single-player de Fatal Fury: City of the Wolves
A SNK trouxe um verdadeiro caminhão de conteúdo single-player para seu novo game. É possível se divertir no Arcade, onde cada personagem possui sua própria história, em modos de sobrevivência e de tempo, além dos populares “Trials”, no qual é necessário performar combos específicos com os lutadores.
O destaque à parte fica com o novo “Episodes de South Town”, que é basicamente um RPG. O jogador navega pelo mapa de South Town e luta, para ganhar experiência, upar de nível e prosseguir em sua jornada.
É válido mencionar que cada personagem possui sua própria história também neste modo, então, vale a pena dar um conferida na lore de cada um. Ainda mais porque o tempo de gameplay não é demorado.
O lado negativo de Episodes of South Town fica pela exploração: você se encontra em um mapa estático, selecionando pontos para vistar com um cursor de mouse e vendo a história através de texto, quase como se fosse uma visual novel.
Vitória na técnica e na arte
Se o gameplay de Fatal Fury: City of the Wolves já é algo a se destacar, as partes técnicas e artísticas também merecem uma salva de palmas. O jogo possui gráficos belíssimos, os melhores já feitos pela SNK, até hoje. Os cenários são autênticos e coloridos, os golpes apresentam partículas e efeitos brilhantes, enquanto os personagens contam com modelos bem desenhados — com exceção de Cristiano Ronaldo.
O título não apresenta bugs. O modo online é estável, contando com rollback netcode, para haver respostas rápidas aos comandos, além de crossplay, caso seu amigo esteja em outra plataforma. Pelo lado negativo, fica a demora para encontrar partidas online, mesmo no período pós-lançamento.
A interface de usuário é outro ponto a se relevar. A navegação pelos menus é bastante confusa, sendo difícil localizar o que você quer fazer — seja chamar um amigo para jogar ou até trocar de personagem entre partidas.
Fatal Fury: City of the Wolves: vale a pena?
Seja você um fã de jogos de luta ou não, Fatal Fury: City of the Wolves é convidativo a qualquer jogador. Com legendas e textos totalmente traduzidos para o PT-BR, um sistema de controles feito para veteranos e novatos, vários modos single-player, rollback netcode para o gameplay online, além de uma jogabilidade viciante, o título vale, sim, muito a pena.
A grande ressalva fica com a quantidade de personagens jogáveis atualmente: 17. Mas isto não é exatamente um problema, pois tal número aumentará para 22 com o primeiro passe de temporada, que está incluso na compra da única edição do jogo disponível na PS Store. Ao longo do ano, Ken e Chun-Li (Street Fighter), Mr. Big, Andy Bogard e Joe Higarashi chegarão ao game — se bem que Andy e Joe já deveriam estar desde o princípio, né SNK?
Não tema, Fatal Fury: City of the Wolves vai te conquistar.