Por muitas vezes, nos pegamos na correria do dia-a-dia: tarefas de casa, trabalho, relacionamentos humanos, ou até passar horas na frente daquele game alucinante, onde se demoram horas para derrotar um único chefão… Tudo isso drena as nossas energias e alimenta o estresse. É aí que procuramos algo para esquecer a rotina, para levarmos a nossa mente a um plano de paz e tranquilidade. Este é Caravan SandWitch.
O jogo é um produto da Plane Toast, um pequeno estúdio do sudeste da França. O seu maior intuito é ser uma jornada curta e tranquilizante, onde os jogadores não veem o tempo passar, não se preocupam com perigos do mundo aberto, buscando apenas as respostas propostas pela narrativa.
De volta para casa
Caravan SandWitch conta a história de Sauge, uma garota que decide retornar para seu planeta natal, Cigalo. O motivo para isso? Ela recebeu uma mensagem misteriosa de sua irmã mais velha, Garance, que havia supostamente morrido seis anos atrás.
Como Sauge estava nos contatos de emergência de Garance, a tal mensagem vai diretamente a ela. Sabendo que existe uma remota possibilidade de sua irmã ainda estar viva, a protagonista viaja à Cigalo, para investigar o assunto e, quem sabe, encontrá-la.
Cigalo é um planeta praticamente morto, onde existe apenas uma comunidade de pé. Lá é o centro da jornada de Sauge, onde ela reencontra amigos, como Rose e Nèfle. A primeira é uma senhora que lhe empresta o seu maior aliado nessa aventura: sua van. A outra é uma engenheira também muito disposta a saber sobre o paradeiro de Garance.
Tudo fica mais misterioso quando a protagonista percebe estar sendo observada por uma figura encapuzada, a quem chamamos de Bruxa da Areia (SandWitch). Como não há um sistema de combate em Caravan SandWitch, essa personagem causa certa aflição a cada aparição, pois não sabemos se é aliada ou inimiga.
A história é bem contada e se divide em seis capítulos. Com duração entre 6h e 7h, a narrativa instiga o jogador a continuar sua jornada, especialmente pelos mistérios que vão se desenrolando. Normalmente, isso seria suficiente para um game indie conquistar o público, mas seu sistema de progresso é um problema do qual falaremos a seguir.
Sua van é sua melhor amiga
Com a van, Sauge percorre todo o mapa de Cigalo, onde há praias, desertos e cadeias montanhosas. Além disso, possui dispositivos que permitem progredir na história, como um gancho usado para abrir portas, criar tirolesas e energizar fios, além da antena, que identifica objetos e locais, e hackeia portas. Entretanto, tais recursos são obtidos apenas conforme Caravan SandWitch avança.
E é justamente aqui que mora o problema do jogo da Plane Toast: o avanço. Para progredir, o jogador precisa sempre coletar componentes, que variam de cor e raridade. A cada capítulo, o player deve obter um número X de componentes verdes, amarelos, vermelhos e roxos, caso contrário, não consegue ir ao próximo capítulo.
A clara intenção do estúdio francês com esse fator é fazer o jogador não rushar a história. Ao invés disso, ele deve fazer missões secundárias, para, assim, obter os chips facilmente — o que é muito mais rápido do que simplesmente procurá-los mundo aberto afora.
Outra coisa pesa a favor dessa tese: muitas das quests secundárias se perderão, caso o jogador opte em avançar para o capítulo seguinte. Dessa maneira, ele conhece o universo de Caravan SandWitch, bem como os personagens da vila, que não aparecem tanto na linha principal da história.
A repetitividade também aparece como um ponto negativo do jogo. A maioria das missões envolve a van, fazendo Sauge atravessar o mapa, para desvendar algum tipo de segredo, como reativar laboratórios abandonados, encontrar animais, etc.
Caravan SandWitch brilha graficamente
Colocados os pingos nos is, agora é hora de falar de uma parte na qual Caravan SandWitch brilha: seus gráficos. O mapa é colorido e, embora não tenha tanta vida (afinal, é um mundo apocalíptico), as cores dão um trato merecido nos ambientes.
A animação foi o estilo de arte usado no game. Não existe nada complexo: a tacada da Plane Toast se dá em coisas simples, porém, intrigantes. Em certos momentos, por exemplo, Sauge senta em almofadas encontradas pelo mapa e começa a meditar — semelhante ao que acontece em Life is Strange, mas, nesse caso, sem diálogos — e apenas ouvimos o som ambiente e apreciamos as paisagens.
A trilha sonora do jogo também agrada. Mais uma vez, o objetivo é tranquilizar quem está com o controle nas mãos, aliviar o estresse.
Tecnicamente, Caravan SandWitch apresenta falhas, como na tradução de certos textos ou no posicionamento da câmera em determinados momentos. Estes problemas, no entanto, acabam sendo menores.
Caravan SandWitch: vale a pena?
Caravan SandWitch tem o que precisa para acalmar os nervosinhos: trilha sonora e gameplay relaxantes. Não espere nada complexo, apenas curta suas poucas horas de jogo.
Por outro lado, o título francês ainda tem pontos negativos, como a necessidade de um pequeno grind, para avançar na história. É algo que poderia ser tranquilamente descartado.
Se procura aventuras com pouca duração, que encaixam na agenda do seu dia corrido, o jogo até é uma boa pedida. Permita-se, por que não?