A segunda temporada de The Last of Us da HBO chega ao seu penúltimo capítulo com os dois pés na porta. O novo episódio é uma montanha-russa de emoções, que variam desde amor até ódio, fazendo-nos refletir como a menor das mentiras pode abalar e até destruir toda uma relação fraterna.
Sim, tivemos mudanças em relação ao jogo The Last of Us Part II. No entanto, desta vez, as adições ao roteiro proporcionadas por Neil Druckmann e Craig Mazin vieram muito bem a calhar, vale dizer.
A infância de Joel e Tommy
O sexto episódio começa com um flashback da infância de Joel e Tommy, em Austin, Texas, no ano de 1983. Os jovens arranjaram encrenca na rua, pois o caçula havia comprado maconha. O primogênito diz que assumirá a culpa ao pai, para proteger Tommy de uma provável surra. Este último, por sua vez, já havia ido para o seu quarto.
O pai deles entra pela porta e vemos que se trata de um policial, interpretado por Tony Dalton (Better Caul Saul). O pai exige a verdade de Joel, que prontamente assume a autoria. No entanto, para sua surpresa, o policial já sabia quem era o verdadeiro culpado.
A partir daí, em uma cena emocionante, o policial conta sobre a vez na qual levou um soco de seu pai, que deixou sua mandíbula paralisada por duas semanas. Joel, então, o questiona sobre o porquê de repetir aqueles atos contra seus filhos. Em resposta, afirma ser “melhor que seu pai” e que nunca foi tão ruim quanto ele. Por fim, aconselha: “seja melhor que eu”. Guarde esta frase, pois ela será importante para o fim do episódio.
Os (vários) aniversários de Ellie
A cena corta para Jackson, poucos meses depois de Joel se mudar para lá. Ele leva um jogo de LEGO a Seth, que agradece, pois seus netos gostarão do brinquedo. Em troca, ele fará um bolo de baunilha para ele. O motivo? O aniversário de Ellie.
Joel se esforça para celebrar a ocasião, inclusive, montando o violão dela — com cavalete feito de osso e até com o desenho da mariposa no braço do instrumento. Feliz com o presente, Ellie pede para o protagonista “tocar e cantar”. A contragosto, ele traz uma performance exemplar de Future Days, do Pearl Jam — música simbólica de The Last of Us Part II.
Um ano depois, vemos mais um aniversário de Ellie. Dessa vez, o presente é o que os fãs dos jogos já conhecem: uma visita ao Museu de Ciência e História de Wyoming. Antes de chegarem ao local, os dois têm uma conversa interessante sobre a possibilidade de a garota estar interessada romanticamente em Jesse — algo que ela usa para caçoar da situação, já que, obviamente, não é o caso.
Dentro do museu, Ellie brinca girando planetas e depois fica feliz ao ver a espaçonave usada na missão Apollo 15. A expressão de felicidade no rosto de Bella Ramsey é extremamente contagiante e o mesmo pode-se dizer do “paizão” Pedro Pascal. A cena termina com a menina, a bordo da nave, escutando uma fita com a gravação de uma decolagem para o espaço e se imaginando no lugar do astronauta. É um momento que mostra uma conexão especial entre os personagens, que, mesmo não possuindo laços de sangue, parecem mesmo serem “pai e filha”.
O sexto episódio da season 2 de The Last of Us continua um ano mais tarde, em novo aniversário de Ellie. Com ar mais rebelde, a personagem de Bella é pega por Joel no “oba oba” com uma tatuadora. Em choque, Joel dá uma bronca nela por “experimentar” o ato com garotas, mas, de madrugada, fazem as pazes e decidem que ela se mudará para a garagem.
No dia seguinte, Joel se encontra com Gail, a psicóloga que apareceu nos primeiros episódios da temporada. Na noite anterior, ele observou que Ellie tinha muitos desenhos de mariposas colados na parede do quarto, levando-o a se perguntar o que eles significavam nos sonhos. Ao contrário das borboletas que são grandes e livres, a mariposa está ligada à morte, algo que claramente o deixa intrigado.
Dois anos depois, a cena corta para o aniversário de 19 anos de Ellie. Já morando na garagem, ela está sentada na cama, enquanto treina perguntas para pegar as contradições ditas por Joel — sobre os acontecimentos com os Vaga-lumes, há alguns anos. Não demora muito e ele mesmo bate à porta.
Desta vez, Joel diz que ela está pronta para sair em sua primeira patrulha. É aqui que temos a construção de uma das melhores sequências do sexto episódio: em seus cavalos, eles brincam um com o outro no que parecia ser uma manhã pacífica. No entanto, Jackson logo os contata, afirmando que outra patrulha precisa de ajuda por conta de infectados. Vale mencionar que Joel manda Ellie de volta para casa, mas ela responde à altura: “você não é meu pai, é meu parceiro”, se colocando em pé de igualdade.
Armados, os dois andam pela floresta e veem um cavalo arrastando um corpo. Logo depois, encontram Eugene (Joe Pantoliano), marido de Gail, mordido. Ele implora para ver a esposa mais uma vez, antes de sua inevitável execução, mas Joel fica relutante, dizendo que deve seguir o protocolo.
Para alívio de Eugene, Ellie usa uma técnica para saber quanto tempo resta até Eugene perder a consciência e virar infectado. Há tempo suficiente para levá-lo a Jackson e se despedir. Ela convence seu parceiro, que a manda buscar os cavalos, enquanto leva Eugene. O detalhe aqui é um take especial, onde ele “jura” que não matará o idoso, da mesma forma que “jurou” a verdade sobre o que ocorreu com os Vaga-lumes.
O que acontece em seguida, é previsível: Joel engana os dois e leva Eugene para a beira de um rio. Mais uma vez, o homem implora pela vida, pois queria ouvir a voz de Gail uma última vez. Em resposta, o protagonista afirma basta ele a imaginar, caso realmente a ame. Não demora e Ellie os encontra, com Eugene já morto. No caminho de volta, ela derrama lágrimas de raiva com a nova quebra de promessa de Joel.
A construção e a execução desses momentos foram absolutamente incríveis. As atuações de Bella Ramsey e Pedro Pascal são de tirar o chapéu — dá para ver como eles se complementam em cena, algo que talvez falte quando Bella está com Isabela Merced (Dina). Joe Pantoliano também dá um show em seus poucos momentos.
De volta a Jackson, Gail lamenta a morte de Eugene. Mais uma vez, Joel mente ao falar de seus últimos momentos, chegando a afirmar que ele se executou. A raiva transborda do rosto de Ellie que desmente tudo, para ódio de Gail. O desgosto e a decepção de Ellie ficam ainda mais evidentes quando ela deixa o local dizendo a Joel: “você jurou”.
A fatídica conversa e o presente
Nove meses depois, a cena corta para a festa de ano novo do começo da temporada, no dia em que Dina e Ellie ficam juntas pela primeira vez. Em uma das mesas, Joel está sentado com Tommy e Maria. Seu irmão vai embora, pois precisa levar o filho para dormir. Então, temos o diálogo mais “Lilo e Stitch” do episódio, quando Maria define Joel como “família” e que “sempre estarão lá por ele”.
A partir daí, temos uma sequência que já presenciamos anteriormente: Joel empurra Seth por ser preconceituoso contra Ellie e Dina, mas a personagem de Bella não responde bem ao ocorrido. O protagonista vai embora e fica na sua varanda, tocando violão. Da mesma forma que aconteceu no segundo episódio, Ellie retorna e o ignora, indo em direção à sua cabana. Todavia, aqui temos uma novidade: ela se arrepende, volta até o local e vai conversar com ele.
Sim, a famosa “conversa da varanda” ocorre aqui, muito antes em relação à ordem narrativa de The Last of Us Part II — no jogo, só vemos esse diálogo no fim da história. Os dois falam sobre café, amor, mentiras e verdades.
Novamente, vemos uma cena extremamente tocante, que prova, definitivamente, como Bella Ramsey e Pedro Pascal se encontram em pura sintonia. Na sequência, Joel é confrontado por Ellie, que está muito decepcionada (e irada) com os juramentos (e mentiras) dele — tanto sobre Eugene, quanto sobre os Vaga-lumes.
Lembra do conselho do pai de Joel a ele, no começo do episódio? Sim, o protagonista só quer que jovem adulta “seja melhor que ele”. Além disso, repete todo o mesmo discurso dos games, ao afirmar que “se tivesse uma segunda chance, faria tudo igual”.
Da mesma maneira, que no jogo da Naughty Dog, Ellie acha que nunca conseguirá perdoá-lo, mas está disposta a tentar. Como na vida, nem todos nossos planos saem conforme o que queremos, a protagonista nunca teria essa chance.
Na última cena, voltamos ao presente: em um dia bastante chuvoso, Ellie retorna ao teatro depois de matar Nora — local onde disse que se encontraria com Jesse e Dina, ainda no quinto episódio.
Facilmente, o sexto episódio é o melhor da temporada — sim, ainda melhor que o segundo. Caso a HBO mantenha esse nível de emoção para o season finale da semana que vem, com certeza, os fãs terão muitos motivos para ficarem ligados na terceira temporada, esta já confirmada.
